Não houve decisão ou consenso por parte do governo sobre como evitar um impacto no preço dos combustíveis nas bombas por conta do aumento do preço do barril de petróleo, em decorrência da invasão da Rússia à Ucrânia. Uma fonte envolvida nas negociações entre o Palácio do Planalto e o Ministério da Economia disse que “nada foi decidido e nesta terça seguem as negociações”. A fonte reconheceu, no entanto, que depois da pressão da equipe econômica contra o projeto de concessão de subsídios durante três meses, que poderia afetar o teto de gastos, o governo passou a trabalhar com a hipótese de congelamento dos preços por um período. Mas o Planalto foi avisado de que essa hipótese de congelamento provoca risco de desabastecimento. A medida agrada o presidente Jair Bolsonaro, que quer fazer um gesto político, neste momento eleitoral, para mostrar o seu inconformismo com os seguidos aumentos dos preços dos combustíveis. Essa decisão de congelar os preços, no entanto, expõe a Petrobrás, que teria de arcar com o prejuízo de segurar os preços, sem repassá-los aos consumidores. Deixa também vulnerável o presidente da estatal, general Silva e Luna, que sempre teve um bom relacionamento com o presidente, mas entende que tem de cuidar das responsabilidades do cargo. Em meados de fevereiro, Silva e Luna ficou ao lado da cúpula da empresa, quando um enorme desconforto tomou conta de todos por conta de Bolsonaro pedir ao Cade que promovesse uma investigação de possíveis infrações praticadas pela empresa por “abuso de posição dominante”. Antes, mesmo com os seguidos ataques do presidente à empresa, tudo vinha sendo bem absorvido pelo general, que segurava a cúpula da estatal. Mesmo agora, Silva e Luna estava ciente e concordando que alguma movimentação fosse feita para segurar os altos impactos que a elevação do preço do barril do petróleo poderia trazer às bombas. Mas a ideia de fazer um congelamento dos preços preocupa a direção da empresa, uma vez que está causando grande prejuízo à estatal, com queda nas suas ações e com risco de desabastecimento, já que os importadores suspenderam as compras de produtos, à espera de definição das prováveis mudanças na política de preços da Petrobrás. De acordo com informações obtidas junto a fontes ligadas à direção da empresa, não há decisão ainda sobre como e o que será decidido para conter o preço. Mas avisam que qualquer opção a seguir tem de ser muito bem medida. “Tudo ainda está em aberto e a preocupação é grande porque o tempo está ficando curto”, disse a fonte.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília