O presidente Jair Bolsonaro voltou a dar uma estocada na Petrobrás e, em última instância, no presidente da empresa, general Silva e Luna. Foi hoje em discurso, no Planalto, durante lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes. Para mostrar que ainda não engoliu o que chamou de “absurdo” reajuste dos combustíveis anunciado ontem, Bolsonaro sugeriu que se a estatal tivesse esperado um pouco mais pela aprovação dos projetos que estavam tramitando no Congresso, talvez não precisaria ter feito o reajuste nesta proporção. Na empresa, no entanto, a avaliação foi de que “talvez fosse o caso de o presidente lamentar o fato de o Congresso ter adiado tanto a sua votação”. Mas o Congresso, nos discursos no Planalto, só ouviu elogios e agradecimentos do presidente e dos ministros. Bolsonaro já ouviu dos técnicos e ministros que a aprovação dos projetos só serviu para aliviar um pouco as pressões para o próximo reajuste, que virá, com certeza, até o fim do mês. Apesar de o presidente jogar muito para a plateia, ele está realmente muito incomodado com as ações da Petrobrás e tem criticado o seu antigo amigo, a quem, até há pouco tempo, só fazia elogios. Bolsonaro alimentava esperança de poder ter mais influência na empresa. A antiga proximidade entre Silva e Luna e o presidente acabou. Mesmo com tantos senões, neste momento, não há previsão de saída de Silva e Luna da Petrobrás. Bolsonaro alimenta ainda alguma esperança de que o general consiga encontrar brechas na política da empresa que não o deixe tão vulnerável com seguidos e altos reajustes dos combustíveis, que poderiam afetar sua meta da reeleição.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília