As mudanças que o governo quer aprovar na Constituição para gastar mais em 2022 reforçaram o medo de autoridades fiscais serem responsabilizadas pelos órgãos de controle. O sentimento dos técnicos da equipe econômica já tinha sido revelado hoje pelo BAF. As ordens do presidente Jair Bolsonaro para dar aos eleitores mais carentes auxílio de pelo menos R$ 400 até o fim do ano que vem impediram que os auxiliares mais técnicos da equipe do ministro Paulo Guedes ficassem no governo. Depois da apresentação do novo relatório da PEC dos Precatórios pelo deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), pediram exoneração o Secretário Especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o Secretário do Tesouro Jéferson Bittencourt. Ambos são conhecidos pela defesa do equilíbrio fiscal e do teto de gastos que está sendo completamente desfigurado. A âncora aprovada no fim de 2016 para frear o contínuo crescimento do gasto público está com os dias contados porque há convergência de interesses do governo e do Congresso. Na tarde de ontem, Guedes usou eufemismos, como as palavras “waiver” e “sincronização”, para se referir a duas mudanças nas normas do teto de gastos que estavam sendo encaminhadas aos parlamentares. A tradução, em português claro, é autorização para gastar mais em ano eleitoral. Repete-se um cenário que aconteceu em 2015. Dilma Rousseff foi reeleita e trocou Guido Mantega por Joaquim Levy. O novo ministro da Fazenda deixou o cargo em dezembro daquele ano porque estava isolado.

Arnaldo Galvão – Direto de Brasília

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