O veto presidencial do projeto da prorrogação da desoneração da folha de pagamento amplia o clima de insatisfação dos parlamentares em relação ao governo Lula. Líderes e parlamentares influentes disseram ao BAF que esperavam o veto à inclusão dos municípios na proposta, mas não a tudo. O clima na Câmara nesta semana era de derrubada de todos os vetos presidenciais que estavam na pauta da sessão do Congresso e com este novo item, a tendência é pela derrubada também. O governo pediu o adiamento da sessão e ainda não há nova data de apreciação dos vetos. Cláudio Cajado, relator do novo arcabouço na Câmara e um dos líderes do movimento pela derrubada dos vetos de Lula à proposição, acredita que o governo pode tentar convencer os parlamentares da manutenção do veto a desoneração com os números da arrecadação. “Com o rombo das contas públicas divulgado nessa semana, temos de ter cuidado em avaliar essas desonerações e avaliar quais de fato deveriam ser mantidas, só que toda essa discussão ficará para o ano que vem”, previu. Líder do Cidadania na Câmara, Alex Manente, repetiu o discurso dos senadores contra “a sanha arrecadatória” do governo, que não corta gastos. Entre as insatisfações dos parlamentares está o não cumprimento de compromissos assumidos durante as votações na Câmara e no Senado. Durante a apreciação do arcabouço, por exemplo, eles afirmam que o governo assumiu o compromisso de não vetar nada. Já na desoneração, o compromisso era de apenas deixar aprovar a matéria. No entanto, ninguém esperava um veto total.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters