O ministro Fernando Haddad escancarou um programa de revisão de gastos que está em discussão no governo. Por questões políticas, só poderão vir à tona após o segundo turno das eleições.
Em entrevista à Folha, o ministro da Fazenda relatou que está aproveitando o “recesso branco” dos parlamentares para convencer o presidente Lula de que questões estruturais “precisam ser resolvidas” porque “não tem para quem dar a batata quente”. Se Haddad vem conversando periodicamente com o presidente sobre o assunto, é porque o mandatário ainda precisa ser completamente convencido. A melhora na nota de crédito na Moody´s certamente ajuda a sensibilizar, mas também não é garantia de que Lula vai aceitar tudo que está sendo colocado à mesa.
Fontes na Fazenda disseram inicialmente que a forma como os itens sujeitos à revisão estavam sendo publicados pela imprensa não eram novos. De fato, há meses veio à tona discursos de membros da equipe econômica sugerindo ajustes nas regras do abono salarial, seguro-desemprego e BPC, mas a grita imediata da base aliada no Congresso transformou o plano original em “pente fino”.
Há um Lula, uma base aliada fiel e um Congresso inteiro a serem convencidos ainda. O ministro da Fazenda está bancando a proposta e, ao falar que não há como escapar das medidas amargas, se coloca na mira.
Equipe BAF – Direto de Brasília
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil