O estresse ocorrido pelo ofício que o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, mandou para o presidente do TSE, Edson Fachin, no dia 28 de abril, foi provocado pela má redação do texto. Segundo explicações dadas por oficiais que acompanharam o caso, o ministro da Defesa quer que questões políticas não sejam dirigidas ao general Heber Garcia Portela, que consideram um representante técnico na Comissão de Transparência das Eleições (CTE), mas sim ao titular do titular do MD. Tudo questão de semântica. Na verdade, o MD e o Exército estão muito incomodados com a escalada das notícias de que militares queriam interferir ou participar do processo de apuração das eleições, que estavam fazendo isso à serviço do presidente Jair Bolsonaro e que um golpe estaria em curso. Como insistem em ressaltar que são instituições de Estado, as Forças Armadas não queriam mais que continuassem a sair notícias de que o general Heber era “um instrumento do presidente”, que estaria “agindo politicamente” e que o “Exército estaria buscando protagonismo eleitoral” que não querem e reconhecessem que não tem. Rechaçam também quaisquer ilações de que um golpe estaria em curso. Com isso, tentaram deixar claro, sem sucesso com o texto do ofício do dia 18 de abril e também com a nota de hoje, que demandas “que não fossem técnicas”, ou seja, demandas “políticas”, deveriam ser encaminhadas ao ministro Paulo Sérgio e que o general Heber continua como representante na comissão de transparência para discutir questões técnicas.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília