A definição do vice levará à movimentação de várias peças de um tabuleiro envolvendo a área militar, caso Bolsonaro decida mesmo por Braga Neto. O atual ministro-chefe da Secretaria Geral, general Luiz Ramos, está em campanha aberta pela vaga de ministro da Defesa. No entanto, seu nome enfrenta resistência nas três Forças, inclusive no Alto Comando do Exército. Bolsonaro sabe das ressalvas de seus pares e não gostaria de ter de colocar goela abaixo uma pessoa que desagrade aos oficiais-generais que, de alguma forma, têm estado ao seu lado. Há ainda resistência muito forte contra ele na Marinha, que já fez críticas à instituição-irmã. Na Aeronáutica também há ressalvas, mas não com a intensidade das outras duas Forças. Se tiver que optar por Ramos na Defesa, não haverá revolta entre os militares, apenas incômodos que, dependendo do tamanho deles, poderá levar a alguma baixa entre os comandantes. A ideia inicial de Bolsonaro era não mexer nos comandos para um mandato tampão. Por conta dos problemas de Ramos, interlocutores do presidente consideram que Bolsonaro poderia então, transferir o general Augusto Heleno para a Defesa, o que desagrada o atual chefe do GSI. Se tiver que ir para Defesa, Heleno abre vaga para Ramos, que permaneceria no Planalto. Heleno também é candidato a vice e é considerado até com mais liderança nas Forças do que Braga Neto. No momento, Heleno tem poucas chances de ser escolhido. A saída de Ramos da Secretaria Geral é dada como certa na reforma ministerial de fim de março. *Bolsonaro já sinalizou que quer premiar seu amigo e chefe de gabinete, Célio Faria, com um posto de ministro. Na Secretaria Geral, ele contemplaria o homem de confiança no primeiro escalão no Planalto e o manteria próximo. Se Ramos for mantido na Secretaria Geral, Célio Faria poderia ocupar outra cadeira na Esplanada dos Ministérios. Um dos motivos de Ramos estar travando essa guerra pela Defesa é porque, com a necessidade de tantas acomodações na reforma, ele teme ficar sem lugar no Ministério de Bolsonaro. Na busca pela manutenção do poder, Ramos tem outro alvo: o comandante da Marinha, almirante Garnier, de quem Bolsonaro se aproximou. É que Bolsonaro chegou a sinalizar com a possibilidade de nomear o almirante para a Defesa, ampliando o espaço da Armada no entorno do presidente.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília