O processo de negociação do novo marco fiscal fez cair uma ficha entre dirigentes e petistas que integram o governo: o Congresso não é de esquerda e para aprovar seus projetos, Lula vai ter que negociar com os setores da sociedade que hoje têm maioria no Parlamento. A constatação parece óbvia, levando em conta o resultado da eleição de 2022, mas o governo mantinha a esperança de cooptar setores da centro-direita, a exemplo do que Lula fez em 2003. Segundo integrantes da direção petista, Fernando Haddad usou este argumento na reunião de segunda-feira, na qual convenceu o partido a apoiar o arcabouço. De acordo com estas fontes, Haddad abriu sua fala dizendo que tanto o texto original quanto o relatório de Claudio Cajado não são o que ele próprio e o governo gostariam, mas são “o possível”, tendo em vista a correlação de forças no Congresso. A constatação é uma ducha fria em setores do PT, que imaginavam um Lula 3 mais à esquerda do que nas versões anteriores.
Ricardo Galhardo – Direto de Brasília
Foto: Sergio Lima/Poder 360