A falta de coordenação política é apontada por governistas e Centrão como o maior problema da terceira versão de governo Lula. A tramitação do PL do Programa Mover no Senado é prova disso e, na avaliação de líderes, dá a impressão de que há dois governos: um que fecha um tipo de acordo com a Câmara e outro que não faz valer esse acordo no Senado. A promessa de Lula de fazer toda segunda-feira uma reunião com os líderes do governo no Congresso é uma forma de resgatar um procedimento de outros governos do PT: dar um norte para a semana. Petistas acreditam que esse modelo vai ajudar a colocar a articulação nos rumos, mas destacam que falta empoderamento aos articuladores. Um dos pré-candidatos à presidência da Câmara alertou ao BAF que se não houver presidentes de partidos participando dessas conversas, a solução será inócua. Já um importante líder governista no Congresso, sobrecarregado por causa do veto de Arthur Lira a Alexandre Padilha, se mostrou cético: reclamou que o presidente da República “não escuta ninguém”. Outros criticam o fato de que os ministros do Centrão não são instados a buscar votos para as votações estratégicas, “fazem o que querem e quando querem”. Tanto petistas como líderes expressivos do Centrão dão o diagnóstico: falta um articulador que fale de fato em nome de Lula, ou seja, falta um José Dirceu no governo. Quem precisa ter seus problemas resolvidos hoje tem de recorrer diretamente ao presidente da República.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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