Ganhar tempo, na política, é uma prática normal que tem como objetivo, na maioria das vezes, esfriar os ânimos para deixar no esquecimento alguma pauta incômoda. É esse receituário que o presidente da Câmara, Hugo Motta, tenta adotar no caso do projeto de anistia. Mas não tem dado muito certo.
Para ganhar a eleição, Motta se comprometeu com governo e oposição num tema-chave. Agora, a camisa de força lhe aperta o pescoço.
Arthur Lira havia deixado um caminho aberto com a criação de uma comissão especial para discutir o assunto. Mas Motta foi atropelado pelos bolsonaristas e demonstra que perdeu o pulso.
O governo, por sua parte, também não demonstrou força suficiente para inibir a tramitação da proposta – a manifestação da esquerda contra a anistia foi risível e só demonstra que, embora a maioria da população seja contra essa pauta, segundo pesquisas, petistas e afins não conseguem mobilizar nem seus próprios militantes.
Apertados, Motta e governo devem dar as mãos, mas o resultado deve ser pró-bolsonaristas. Agora é cuidar apenas de reduzir danos.
Equipe BAF – Direto de Brasília
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
