Todas as trocas de primeiro escalão de um governo têm riscos políticos. O maior deles é o do teste das políticas federais de segurança pública. O assunto é central para o sucesso de qualquer candidato, até mesmo daqueles que não pretendem ser governadores. Especialistas criticaram a criação da Força Nacional (FN) em 2004. Naquele segundo ano do primeiro mandato de Lula, a ideia pareceu esdrúxula para alguns porque, afinal, os Estados já tinham enormes máquinas de polícias civis e militares. A FN foi vista como uma espécie de pronto-socorro para governadores que fracassaram em controlar rebeliões de presídios e outras tarefas mais complicadas. Os que criticaram Lula naquela oportunidade, defenderam que a participação do governo federal tem de se concentrar na oferta de um sistema único, nos moldes do SUS, que desse aos Estados mais carentes opções de investimento e combate inteligente à criminalidade. A FN seria, para esses críticos, a repetição de um modelo falido de repressão com emprego crescente da força, mas incapaz de enfrentar o maior dos problemas: a corrupção dos agentes que lidam diariamente com criminosos nas ruas e nos presídios. Se é fato que a segurança pública é fundamental para dar aos eleitores uma sensação maior de proteção, também é fato que os Estados precisam administrar minimamente suas polícias. O tema da segurança pública estará em destaque nas campanhas eleitorais deste ano, ainda que o assunto esteja ligado aos gestores estaduais.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
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