Em entrevista nesta manhã à CBN, o presidente Lula relatou que ficou “perplexo” com os R$ 546 bi em isenções de setores econômicos e que não acha justo cortar gastos dos mais pobres. O mandatário não descartou cortar benefícios sociais de quem está recebendo indevidamente, disse que está disposto a discutir o orçamento e atacou os “mais ricos que se apoderam do orçamento do país”. A sinalização é de que o governo vai centrar fogo na redução dos benefícios fiscais e exigir contrapartidas para eventual manutenção, o problema é que vai enfrentar a resistência de um setor organizado, o mesmo que ajudou a derrubar parte da MP 1227 (compensações), entre eles o agronegócio (que o presidente citou nominalmente). Lula destacou, no entanto, que ainda precisa de estudos mais aprofundados antes de tomar a decisão e que nada está descartado. Na percepção do presidente, caberá ao Senado e aos empresários buscarem uma solução para a manutenção da desoneração da folha de pagamento de 17 setores econômicos, caso contrário o benefício vai cair. Às vésperas da reunião do Copom, Lula não escondeu o desconforto com o presidente do BC, que participou recentemente de eventos políticos em São Paulo. Para o petista, o comportamento do Banco Central “está desajustado” e Roberto Campos Neto deixou claro que “tem lado político”, tese enfatizada pelo PT ao longo do governo Lula 3.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
Foto: Reprodução YouTube Lula