Apesar do tom cordial – mas protocolar – da cúpula do Congresso em notas oficiais, a indicação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Instituições provocou surpresa no Centrão. O bloco esperava Isnaldo Bulhões (MDB/AL), Antonio Brito (PSD/BA) ou, em última caso, o petista José Guimarães (CE), com quem foi criado uma relação de proximidade.
Parlamentares disseram ao BAF que o novo cenário tem potencial de complicar as conversas com o Congresso, já que Gleisi “não tem relação com o Centrão”. Foram usados termos como “tiro no pé” e “sinal péssimo” para a articulação política.
A percepção é de que, quando se esperava que o presidente Lula abriria as portas do Palácio do Planalto para o Centrão, “agora ele se fecha com os mesmos” e se isola ainda mais.
A dúvida agora é como a atual presidente do PT vai conduzir como ministra as negociações políticas da pauta de Fernando Haddad, a qual já fez oposição. Tanto Davi Alcolumbre como Hugo Motta deram sinais de alinhamento com Haddad. O presidente da Câmara, em um passado não muito distante, já cobrou do PT apoio a agenda de seu próprio governo.
Preparação para 2026 – A indicação da presidente do PT para a Secretaria de Relações Institucionais pegou muita gente da base fiel de surpresa porque havia uma avaliação de que ela não acrescentaria para o governo na articulação e outros nomes mais fortes para a vaga de Alexandre Padilha estavam postos.
Na própria base aliada, havia torcida para que o emedebista Isnaldo Bulhões assumisse a função, afinal tinha as bênçãos de Motta e Alcolumbre. Durante toda a semana, a possibilidade de a petista ir para o posto era rechaçada por ser um perfil “muito combativo”, ruim para lidar com o dia-a-dia do “varejinho” dos deputados e mais apropriado para a Secretaria Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo. Prevaleceu a confiança de Lula em Gleisi e a insistência de que a função não seria dada ao Centrão, mas a alguém do PT.
Segundo fontes consultadas pelo BAF, o papel de Gleisi será fazer a interlocução com os presidentes dos partidos – com os quais ela teria diálogo – e preparar o terreno para o jogo eleitoral de 2026.
Se a mudança vai render algum fruto positivo para o governo que só cresce a impopularidade, só o tempo vai dizer.
Equipe BAF – Direto de Brasília
Foto: Sérgio Lima/Poder360
