Em meio a série de entrevistas diárias, Lula admitiu hoje preocupação com a atual cotação do dólar, mas demonstra que não aceita a vinculação da disparada da moeda americana com suas declarações.
Para uma rádio da Bahia, Lula disse que é preciso “fazer alguma coisa”, contou que fará uma reunião nesta quarta-feira para discutir o tema, mas não deu indicativos de qual medida estaria ao seu alcance para alterar o cenário. “Não é normal o que está acontecendo”, avaliou o presidente, que se disse preocupado com o “jogo de interesses contra o real”.
O petista insiste que o comando do Banco Central tem “viés político” e deixou claro que não vai interromper as críticas.
O presidente também deu aval para a inclusão da carne nos itens da cesta básica que ficarão isentos de imposto na regulamentação da Reforma Tributária. Lula defendeu que, se não for possível para todos os tipos de carne, que se isente ao menos um grupo de proteína bovina.
Preocupação no Congresso – A escalada do dólar virou o tema dos discursos em plenário no retorno do recesso junino.
Os governistas acusam “ataque especulativo”, pedem explicações ao Banco Central e questionam qual o motivo técnico do aumento quando “a economia cresce, o emprego também e a inflação está sob controle”. “É só fiscal mesmo?”, reagiu o deputado Mauro Benevides Filho (PDT/CE) ao BAF. Benevides vê a intenção oculta de provocar a volta da inflação no futuro próximo para sustentar o aumento dos juros.
A oposição vê o cenário com preocupação e responsabiliza o presidente Lula pela disparada da moeda americana. Presidente da bancada ruralista, Pedro Lupion (PP/PR), afirmou que Lula passou dos limites nas declarações. Segundo Lupion, a bancada vem acompanhando com atenção a cotação do dólar há pelo menos duas semanas.
É no clima de incerteza sobre onde chegará o dólar que o governo e oposição apontam seus culpados.
José Nelto (PP/GO) disse na tribuna que cenário “não está bom para a população” e que Roberto Campos Neto e a equipe econômica precisam ser chamados ao Congresso para explicar o “desarranjo” na economia.
Equipe BAF – Direto de Brasília
Foto: Ricardo Stuckert