Duas derrotas consecutivas e a constatação de que o governo não tem uma base no Congresso fizeram vir à tona, no entorno de Lula, cobranças por uma mini-reforma ministerial. O argumento é o mesmo de dois meses atrás: o atual ministério foi montado para aprovar a PEC da Transição, mas não garante governabilidade. A resiliência do Congresso em formar alianças sem a liberação de emendas reforça o argumento. Quem conhece o presidente sabe que dificilmente haverá uma reforma agora. Essas pessoas, no entanto, acreditam em um freio de arrumação. Na prática, Lula chamaria para si algumas responsabilidade, redefiniria funções e tentaria organizar o governo mantendo as mesas peças. Mudanças no ministério só com a proximidade das eleições municipais de 2024. É visão corrente no PT e entre aliados que o governo está desorganizado e falta um rumo claro ou um “projeto Global” a Lula 3. Isso se reflete nos plenários da Câmara e do Senado. Já tentaram repassar a responsabilidade para alguns ministros, como Alexandre Padilha, Rui Costa e até Flávio Dino, mas a cada dia prevalece o entendimento de que só o próprio Lula pode resolver os problemas. Outra percepção que voltou à tona com as derrotas é que falta a Lula 3 auxiliares diretos com intimidade e coragem para contrapor o presidente, como era José Dirceu, Luiz Gushiken, Luiz Dulci e Antonio Palocci, por exemplo. Além disso, conselheiros de Lula enxergam oportunismo dentro do próprio PT por parte de lideranças que tentam aproveitar o momento ruim para cavar espaço no ministério.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo
Foto: Folhapress