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Lira traça risco no chão e cobra cumprimento de acordos

Após semanas de silêncio, o Arthur Lira fez um discurso cheio de recados ao governo durante a abertura do ano legislativo nesta tarde. Por pelo menos três vezes, o presidente da Câmara cobrou o cumprimento de acordos e passou na cara que a Casa não deixou de se empenhar na aprovação das pautas de interesse do Executivo, sejam econômicas ou sociais.
Lira estava na mesma mesa do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). O presidente da Câmara ressaltou que neste primeiro ano de governo ele não se furtou em garantir a governabilidade, visto que o Planalto não tem maioria na Casa.
Faltando um ano para deixar o cargo, Lira avisou que errará quem apostar na “inércia” da Casa e deixou claro que não permitirá o encurtamento do seu mandato, seja por calendário das eleições municipais ou sua sucessão. Ele negou disputa com o Executivo, mas pediu para que “não subestimem essa Mesa Diretora”.
Sobre o orçamento da União, foi direto: a peça “pertence a todos e não apenas ao Executivo”, ou seja, deu indicativos reais de que os deputados não vão retroceder do espaço ocupado.
No discurso, Lira enfatizou que o Parlamento não está disposto a “revisar matérias já aprovadas” e descreveu a pauta do ano na Casa: regulamentação da Reforma Tributária, Reforma Administrativa, agenda verde e discussão sobre a regulamentação da Inteligência Artificial.

Pacificação – Ao discursar cobrando o cumprimento da palavra dada nas negociações com a Câmara, Lira jogou ao público o que já circulava nos bastidores: a indisposição com o ministro Padilha. O líder do governo na Câmara, José Guimarães, admitiu nesta tarde que há um problema político envolvendo o ministro e que a insatisfação precisa ser resolvida porque “atrapalha as conversas”.
Guimarães deixou claro que a prioridade neste início de ano legislativo é buscar a pacificação das tensões. Ao expor a crítica publicamente, Lira tenta inviabilizar a permanência de Padilha no cargo.
A pauta do governo é extensa, converge com parte das matérias defendidas por Lira, mas o calendário legislativo é curto (ainda que o presidente da Casa insista no discurso que não haverá “inércia” nas atividades legislativas em ano eleitoral). Não dá para o governo estender a crise envolvendo Padilha por muito tempo.

O que está em jogo – O movimento de parlamentares deve ser fraco nesta semana em virtude do feriado que se avizinha, mas negociações políticas importantes devem acontecer até sexta-feira.
Do lado do governo haverá esforços para preservar o corte nas emendas parlamentares, dar sobrevida à MP 1202 e segurar Padilha ao máximo na chefia da articulação política do Palácio do Planalto.
Do lado de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, está em jogo a sucessão dos comandos do Senado e da Câmara e o futuro eleitoral de ambos, seja o primeiro que ambiciona o governo de Minas Gerais ou o segundo de olho numa vaga de senador por Alagoas.
A atenção neste momento do Palácio do Planalto deve ser no comportamento de Lira, que também vem boicotando os últimos eventos patrocinados por Lula.
Se o governo não se resolver com o presidente da Câmara, há a possibilidade de que ele se acerte no curto prazo com o PL e entregue a CCJ para o partido que lidera a oposição na Casa, o que não será bom para o Executivo.

Daiene Cardoso e Chico de Gois – Direto de Brasília

Foto: Adriano Machado

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