O governo Lula tem aproximadamente 130 deputados que o apoiam quase que incondicionalmente. O presidente da Câmara sabe que é pouco e vai exercer o seu poder até o fim. Reeleito em fevereiro com 464 votos, Arthur Lira empenhou-se na articulação da Reforma Tributária porque é uma pauta que engrandece sua passagem por um dos cargos mais importantes da República. Os projetos de interesse do Executivo são negociados com a dificuldade proporcional à falta de uma base de apoio maior. A votação do novo marco fiscal é simbólica e vai demorar o tempo desejado pelo presidente da Câmara. Fernando Haddad sabe que sua proposta de tributar mais os mais ricos não é do interesse de Lira. No Congresso, os privilégios são defendidos com muita intensidade. Há parlamentares bilionários e há também os que defendem os interesses dos bilionários. Sem aumentar a arrecadação, Haddad sabe que fica difícil cumprir a promessa de zerar o déficit primário em 2024. O presidente da Câmara não gostou da crítica do ministro da Fazenda que expôs o que todos sabem em Brasília. Lira quer consolidar uma imagem de convívio harmônico entre os poderes, desde que ele dê as cartas. A Câmara ocupou muito espaço e não quer recuar um centímetro. A briga com o Senado na tramitação das Medidas Provisórias é outro exemplo da sede de poder do grupo liderado por Lira neste momento. Haddad falou o que todos sabem, mas Lira não quer esse debate público.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Ton Molina