Ao chegar nesta noite na Câmara, Arthur Lira não garantiu a aprovação hoje da MP 1154, disse que pretende ouvir os líderes para ver se “vão dar mais uma vez crédito ao governo” e, caso não haja votos, talvez sequer coloque o tema em votação. O clima é o pior possível e vem de longe: passa pelo desenho equivocado da Esplanada dos Ministérios, pelo não cumprimento de promessas da época da PEC da Transição, pela falta de coordenação e gestão do governo (ministro que não fala com parlamentar, outro que não consegue entregar o prometido), pela briga Lira X Renan Calheiros, pela falta de contato do presidente da República com os parlamentares (prioriza a agenda no exterior), pela não entrega de cargos e pagamento de emendas e a ausência de uma figura nos moldes do que foi José Dirceu no Lula I. “Não foi o Lula que mudou, foi o Congresso que mudou”, resumiu um experiente parlamentar do PL, reforçando o que Lira vem destacando há meses: que Lula precisa se adequar à realidade política de 2023. Pelo lado governista, aliados do presidente dizem que por trás da queda de braço está a briga do Centrão pelo controle total do orçamento e que, ao contrário de Jair Bolsonaro, Lula não vai terceirizar o poder. Em tom ameno, Lira disse nesta noite que vem alertando há tempos a inação do governo e que eventual derrota do Palácio do Planalto não será responsabilidade da Câmara.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
Foto: Bruno Spada, Câmara dos Deputados