João Doria e Eduardo Leite mostraram os dentes no debate das prévias do PSDB no Estadão. E não estavam sorrindo. Doria começou cutucando Leite pelos deputados gaúchos e influenciadores de sua pré-candidatura (leia-se Aécio Neves e os deputados mineiros) terem votado com Bolsonaro na PEC dos Precatórios. Lembrou que a bancada paulista votou pelo não em uníssono. Leite se embananou dizendo que sua responsabilidade é dialogar com a bancada gaúcha e não com os deputados federais do RS. Nesse ponto, até o afável Arthur Virgílio bateu em Leite. “Seu argumento não convenceu. Não deixe que lhe preguem a faixa de bolsonarista”, disse Virgílio. Leite retrucou com Doria, dizendo que o paulista diz “comandar” a bancada e que, no RS, é tudo na base do diálogo. Doria fez novo ataque dizendo que o governador deveria melhorar seus argumentos, uma vez o PSDB de seu Estado apoiou o governo na PEC. Foi o pior momento de Leite, que reduziu seu papel tanto de governador como de líder nacional. Mas o contra-ataque veio rápido. Leite afirmou que tem maior capacidade eleitoral que Doria e a metade de sua rejeição nas pesquisas de opinião. Depois deu mais uma tacada: perguntou a Doria se era verdade que ele estaria constrangendo prefeitos, secretários e parlamentares que apoiassem o gaúcho em São Paulo. Para finalizar, puxou a carta de tucano histórico, ao responder provocação de Doria de que estaria tenso. “É tensão de ver o meu partido sendo alvo de constrangimento numas prévias. Nos filiamos há 20 anos e só soube que você era filiado ao PSDB quando você se candidatou”, afirmou o gaúcho. Ao todo o debate ficou muito longe da fotografia dos candidatos sorridentes e unidos feita nos bastidores do auditório. A guerra está subindo de tom.
Tatiana Farah – Direto de São Paulo