Em entrevista ao BAF, Binho Zavascki disse que não há perspectiva mais nesta semana de reunião com o Ministério de Gestão e Inovação (MGI) porque o governo ainda não fechou a terceira contraproposta para os servidores do Ibama, ICMbio e Serviço Florestal.
A tendência, segundo o presidente da Ascema Nacional, é que a nova rodada de negociações aconteça na semana que vem, mais próxima do feriado, para que dê tempo de deslocamento de todos os participantes da mesa de negociações, em especial os representantes do Condsef (Confederação dos Servidores Federais).
O dirigente sindical destacou que nenhum dos pontos reivindicados pela categoria foi atendido até agora. São mais de 100 dias do início das negociações com o governo, sendo que a operação-padrão foi decretada em 2 de janeiro e 90% das operações de fiscalização estão paradas (80% de queda em operações na Amazônia). A morosidade nas negociações faz com que os representantes dos servidores cogitem uma escalada de paralisações totais, como greve por um dia, uma semana, a depender da evolução das conversas.
Como na semana que vem tem o ponto facultativo na quinta-feira antecedendo o feriado de Páscoa, a Ascema teme que a reunião com o MGI seja mais uma vez postergada. Neste caso, pretendem recorrer mais uma vez à intervenção da ministra Marina Silva (Meio Ambiente).
O tamanho do problema – Binho Zavascki disse ao BAF que os servidores têm o apoio de Marina e dos presidentes dos órgãos afetados pela operação-padrão. Segundo o dirigente, todos estão preocupados com a mobilização que afeta a importação de veículos (mais de 30 mil parados aguardando fiscalização), mercado de peixes ornamentais, emergências ambientais e, principalmente, há uma perspectiva de aumento nos índices de desmatamento. “Vários programas estão travados, sem execução”, relatou. Uma grande empresa de celulose está com sua planta de processamento de madeira parada.
A sinalização que a Ascema recebeu é de que a ministra do Meio Ambiente está incomodada com a morosidade nas negociações, mas que a solução depende do aval dos ministérios da Fazenda, Gestão e Inovação e Planejamento. “Achamos que não chega a eles (Fernando Haddad, Esther Dweck e Simone Tebet) o tamanho do problema”, concluiu.
Ainda de acordo com Zavascki, Marina reportou à Ascema que teve uma reunião “boa” com a colega Esther Dweck, que ratificou as demandas da categoria sobre a reestruturação de carreira, com impacto para 2025 e 2026. O dirigente explicou que o instrumento para o cumprimento das reivindicações seria MP ou projeto de lei a ser enviado ao Congresso.
Zavascki disse esperar ao menos um aceno do governo – em um ano que antecede a COP 30 em Belém – indicando o que é possível atender das demandas dos servidores que estão na linha de frente da política ambiental brasileira.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
Foto: Vinícius Mendonça, Ibama