Ao BAF, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse esperar que saia logo um acordo para encerrar a operação-padrão dos servidores do Ibama, ICMbio e Serviço Florestal Brasileiro, mas admitiu que a nova contraproposta feita pelo Ministério de Gestão e Inovação não agradou a categoria. “Acharam muito tímida”, concluiu.
Segundo Agostinho, o órgão de fiscalização ambiental participa apenas como ouvinte das reuniões do MGI com os representantes sindicais, o que sinaliza pouco poder de influência dele sobre os rumos das negociações. “Não deve existir muita margem de negociação por conta do orçamento que foi aprovado ser ruim”, comentou.
No dia em que o Ibama celebra seus 35 anos, a Ascema Nacional teceu críticas públicas ao governo pela forma como as negociações estão acontecendo e que a segunda contraproposta do Executivo está “muito distante” da necessidade da categoria.
Reclamação – A diretora da Ascema Nacional, Lindalva Cavalcanti, fez um discurso no evento comemorativo do órgão de fiscalização ambiental criticando a maneira como o governo Lula está tratando a categoria, em operação-padrão desde o começo do ano.
Diante da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a dirigente sindical afirmou que os interlocutores do MGI desconhecem a realidade do trabalho deles e que isso é “inadmissível”.
Ela reclamou que o discurso do presidente Lula de dar importância às políticas ambientais não está se refletindo na mesa de negociações e que a categoria é tratada como “carne de quinta”. De acordo com ela, hoje “o cuidado do governo para essas áreas ficou de lado”. A última negociação salarial da categoria, relembrou a diretora, foi em 2015.
Análise da proposta – Dirigentes da Ascema Nacional estão reunidos hoje para discutir a nova contraproposta do governo. “Está muito aquém da proposta dos servidores apresentada em 09/10/2023 e é incompatível com o que vem sendo apresentado para outras carreiras”, destaca a nota divulgada pela entidade nesta tarde.
A reunião tende a avançar para a noite, uma vez que são várias carreiras envolvidas e valores distintos. Os servidores demandam desde 2017 uma reestruturação das carreiras, portanto não se trata de mero reajuste salarial e sim equiparação com os servidores da ANA (Agência Nacional de Águas) e a redução da diferença entre técnicos e analistas.
A categoria também questiona o fato de a legislação não prever porte de arma para os servidores em ações de fiscalização ambiental. A Ascema pede gratificação por atividade de risco.
“Não sabemos o quanto está sendo oferecido para carreira da base do serviço público, mas sabemos que para os policiais penais foi concedida uma reestruturação de carreira, que correspondeu num aumento de mais de 60% dividido em 2 anos e começando agora em maio de 2023. Para nós foi oferecido 1% a recebermos apenas em maio de 2026”, criticou Wallace Lopes, dirigente da Ascema.
O resultado da reunião de hoje vai nortear o documento de orientação para as assembleias conjuntas regionais, previstas para acontecer entre segunda e sexta-feira da semana que vem.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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