Fernando Haddad ocupa um espaço muito relevante no PT. Tem total confiança de Lula e comanda o estratégico Ministério da Fazenda em meio a uma conjuntura difícil. Lula não será candidato à reeleição em 2026 se não quiser ou não puder. É cedo para definições, mas candidaturas são construídas ao longo do tempo. Dilma Rousseff tornou-se viável politicamente depois de José Dirceu e Antonio Palocci sofrerem desgastes irreversíveis, mas ela se posicionou de uma maneira que pudesse ser vista como candidata. O Ministério da Fazenda dá poder, mas traz conflito. O Desenrola é uma rara pauta positiva em meio à permanente briga pelos recursos do Tesouro. Se Haddad for bem sucedido na sua guerra contra o patrimonialismo e se conseguir fazer com que os mais ricos paguem mais tributos, Lula pode se beneficiar, mas o ministro ganhará inimigos poderosos. Se a primeira fase da Reforma Tributária for aprovada, o ganho com a simplificação do sistema pode se transformar em capital político para Haddad, mas a segunda fase, que muda tributos sobre renda, lucros e dividendos, é mais desgastante politicamente.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Sergio Lima, Poder 360