Governo vai tentar jogar culpa da crise hídrica em gestões passadas
Enquanto os senadores se preparam para a criação da comissão externa da crise hídrica, a estratégia do governo na comissão será de apontar que a situação do parque gerador está defasada por conta de antigas gestões, tanto por falta de planejamento para leilões de reserva de capacidade quanto pelo baixo investimento da Eletrobras em seus reservatórios. Pode ser um tiro no pé: qualquer crítica ao governo Temer respinga no atual líder do governo, Fernando Bezerra, pai do ex-ministro do MME Fernando Filho na gestão passada. Também vai encontrar muito contra-ataque técnico de senadores ligados a governos anteriores, como o próprio Jean Paul Prates, senador petista e do setor de energia, e o ex-ministro de Dilma, Eduardo Braga. O líder do MDB ficou à frente do MME também num período de escassez hídrica, entre 2014 e 2015, e deve usar a experiência para apontar falhas no planejamento do governo, como a demora no acionamento das térmicas. Aliás, Braga e Prates disputam posições de comando na nova comissão e são atualmente cotados para assumir a presidência e relatoria – ainda sem definição de quem ficará com o que. Cresce a percepção entre senadores de que o colegiado tem tudo para ser uma nova ‘CPI’ para o Executivo, mas sem a possibilidade de desviar o foco e apontar problemas regionais, como na CPI da Pandemia. O alvo será unicamente o governo.