Além de discussões sobre questões e acordos militares, a viagem do presidente Jair Bolsonaro à Rússia tem um importante quesito econômico: garantir o aumento da venda de fertilizantes para o Brasil, a fim de não trazer prejuízo ao agronegócio brasileiro. No final do ano, quando a viagem começou a ser negociada, surgiu uma preocupação no governo federal com relação ao abastecimento de fertilizantes, depois de a China e a Rússia terem anunciado restrições às exportações. A Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes para o Brasil, já que o Brasil não é autossuficiente. O governo está atento a esta questão, principalmente porque o agronegócio é considerado o carro-chefe da economia brasileira e precisa encontrar formas de não só garantir os níveis de vendas de fertilizantes ao Brasil, mas também de elevar a quantidade de produtos, com novas demandas do setor que tem elevado, ano a ano, a sua produção. Em relação à elevação da tensão entre Rússia e Ucrânia, no Planalto a avaliação é de que não há riscos e que a viagem tem de ser realizada. Interlocutores diretos de Bolsonaro lembram, por exemplo, que chanceler alemão Olaf Scholz estará em Moscou nesta terça-feira para encontro com o presidente Vladimir Putin, um dia antes do encontro do presidente brasileiro com o russo. Da Rússia, o alemão embarca para Kiev.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília