Aprovado o novo marco fiscal, a disputa de poder entre Congresso e governo já está em andamento em torno do corte de gastos. O presidente da Câmara defende a volta da tramitação da Reforma Administrativa e vende essa ideia ao mesmo tempo em que avança sobre o poder de controlar o orçamento. O deputado Danilo Forte (União-CE) vai propor que a LDO tenha um cronograma de liberação de emendas para que os parlamentares sejam dispensados de bater à porta do Executivo. Nos bastidores do Congresso, muitos negociadores apostam que Arthur Lira vai retomar a proposta do semipresidencialismo, apesar da enorme polêmica jurídica que envolve uma escolha já tomada pelos eleitores no plebiscito de 1993. Na briga com o Congresso, as armas do governo são limitadas pelo tamanho das bancadas na Câmara e no Senado. Fica difícil barrar o avanço do poder do Centrão e conduzir as demandas do Executivo ao mesmo tempo. No caso de uma Reforma Administrativa que reduza de maneira efetiva e sustentável os gastos da máquina federal, o governo conta com um novo fracasso se as mudanças forem cosméticas e não atacarem os privilégios de carreiras que têm altos salários e privilégios.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Marcos Santos, USP Imagens