Sem conseguir dar a governabilidade que o governo precisa no Senado, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, assumiu, por ora, o papel de bala de canhão da campanha pela reeleição de Bolsonaro. Em dois artigos – um, domingo, em O Globo, e outro, hoje, na Folha – Ciro puxa para si as flexas petistas e cai de pau na legenda que apoiou em todos os governos do partido. Não há nenhuma defesa do governo que do qual ele é um dos principais representantes. Os artigos são pobres tanto do ponto de vista de conteúdo quanto de coerência. Mas isso não importa. Os textos significam que o Centrão, neste momento, está disposto a brigar por seu candidato – Arthur Lira, no fim de semana, também voltou a falar do preço dos combustíveis, para tirar o peso do cangote do presidente. Ciro sabe que parte de seu PP – sobretudo parlamentares do nordeste – tem forte resistência a Bolsonaro e praticamente já pulou na canoa de Lula. Mas, a seu modo, tenta conter os danos e dar um discurso – de medo – para os que ainda permanecem no seu barco.
Chico de Gois – direto de Brasília