Passados quatro meses de governo, a cúpula da Câmara quis dar um recado enfático ao Palácio do Planalto de sua insatisfação com a articulação política e reforçar que ali o governo não vai ganhar tudo “de 7 a 0”, como definiu um governista. A leitura de líderes é que o recado não poderia ser duro demais, mas tinha de ser objetivo. Não poderia ser o PL das Fake News porque também é pauta de Arthur Lira, mas também não poderia ser drástico a ponto de comprometer a aprovação do arcabouço fiscal. E o escolhido foi o PDL do Saneamento, não tanto pelo mérito (uma vez que o texto que segue ao Senado derruba parcialmente o decreto presidencial), mais pelo simbolismo político. Ao BAF, líderes relataram que o alvo foi o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e não tanto Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Costa foi o “padrinho” do decreto do Saneamento. Relatos indicam que a insatisfação gira em torno da lentidão da Casa Civil e envolve de tudo um pouco, como controle e gestão das emendas junto aos parlamentares, cargos e até nomeação para um TRF. O descontentamento abrange do Centrão à base teoricamente aliada.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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