A senadora Soraya Thronicke foi escolhida de última hora para substituir o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, que se arrependeu de concorrer e voltou a disputar uma vaga na Câmara. A expectativa era uma campanha meramente protocolar, resolvendo dois problemas do partido: seu rompimento com a terceira via e a cota de propaganda para mulheres candidatas. Soraya era um bom nome: entrava na disputa pelo eleitorado de Simone Tebet no Mato Grosso do Sul e não tinha risco de ficar sem mandato, já que ainda tem quatro anos no Senado. Mas Soraya não aceitou o papel de figurante. Quis uma campanha nacional, com viagens, publicitário famoso e espaço político. Botou a boca no trombone quando as verbas minguaram e chegou à reta final sem fazer feio. Nos debates, Soraya conseguiu incomodar Bolsonaro. Foi combativa e teve boas tiradas como “tchutchuca do centrão”, “padre de festa junina”, “sua vara curta”. Chamada de “onça do Pantanal”, a senadora se fez conhecida e pode usar esse patrimônio para se destacar de alguma forma no Senado no próximo governo, seja ela de Lula ou Bolsonaro. Num eventual segundo turno, como não é líder do partido, dificilmente terá poder de decisão para além de sua própria declaração de voto.
Tatiana Farah – Direto de São Paulo