O relatório apresentado pelo Ministério da Defesa não aponta fraude nas urnas. O ofício que foi encaminhado ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes, assinado pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira, traz frases retóricas, dúbias, que podem servir de críticas às urnas. Apesar das dubiedades, Moraes, em resposta meteórica, comemorou que o documento não apontava fraudes, e que as sugestões servirão para as futuras eleições. Resta saber se Bolsonaro e seus aliados vão se dar por vencidos. O texto da Defesa, por exemplo, diz que “não é possível afirmar que o sistema eletrônico de votação está isento da influência de um eventual código malicioso que possa alterar o seu funcionamento”. E, mais adiante, pede a criação de uma comissão urgente para realizar uma investigação na compilação do código-fonte – e de seus possíveis efeitos – e promover a análise minuciosa dos códigos binários que efetivamente foram executados nas urnas eletrônicas. A ideia era que esse tipo de observação servisse de argumento para suspender a proclamação do resultado a favor de Lula. Todo esse discurso, pela forma como foi redigido, atendeu ao presidente Jair Bolsonaro, que queria respaldar a sua fala de desconfiança sobre as urnas e ajuda a dar fôlego aos manifestantes que não querem reconhecer a eleição de Lula. Por outro lado, pelas suas dubiedades, o texto também pode ser lido no sentido de encerrar a polêmica. Ao encerrar o assunto, o ministro atendeu ao apelo dos que querem evitar o confronto e virar a página desta polêmica.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília
Foto: Igor Soares, MD