Paulo Guedes sempre defendeu abertamente suas prioridades da política econômica, mas o aprendizado político desde o início do governo modulou seus argumentos. O ministro da Economia quer o Brasil com menos carga tributária e estímulos ao investimento privado. Esse Estado mínimo modulado admite políticas sociais de transferência de renda. A privatização da Eletrobras é trunfo de Guedes, mas o presidente Jair Bolsonaro tem atacado a governança da Petrobras por causa do desgaste dos aumentos dos combustíveis. Falta ao candidato à reeleição um sinal mais concreto para a venda do controle dessa gigante estatal. Duas grandes reformas do Estado, a tributária e a administrativa, são desafios que precisam ser enfrentados a partir de 2023 com as bancadas eleitas este ano, mas Bolsonaro sabotou os esforços para reduzir o custo da máquina administrativa por temor de perder votos dos servidores públicos e das famílias que dependem deles. Guedes e Arthur Lira escolheram uma reforma tributária fatiada e ambos vêm trabalhando nesse sentido ao enfraquecer os cofres dos Estados. O ministro da Economia já reconheceu que fica satisfeito com aproximadamente 60% das suas propostas abraçadas por Bolsonaro. Se o presidente for reeleito, espera-se que Guedes continue a trabalhar para manter vivas suas linhas gerais de desvincular, desindexar e desobrigar o orçamento.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília