Os líderes dos partidos na Câmara deixaram para depois do Carnaval o desfecho das negociações para o comando de várias comissões. A maior dificuldade, neste momento, é o tamanho da bancada do PL, a maior da Casa, com 99 parlamentares. O número é importante, mas não reflete a divisão que há no partido entre dois grupos que, muitas vezes, falam línguas diferentes. Antes da filiação do ex-presidente Jair Bolsonaro, o PL era um partido típico do Centrão, com líderes pragmáticos que negociavam apoio separadamente em cada votação. O presidente Valdemar Costa Neto é um representante dessa ala. A entrada de Bolsonaro trouxe para o PL deputados da extrema-direita que não escolheram o PL espontaneamente e, portanto, têm menor disposição para negociar em pautas de interesse do governo Lula. Deputados do PT ouvidos pelo BAF não enxergam o PL com 99 cadeiras, mas estão dispostos a aceitar integrantes do “PL raiz” em posições importantes na Câmara. O PL não abre mão de indicar um deputado para ser relator-geral do orçamento de 2024, já que a presidência da Comissão Mista de Orçamento ficará com um senador.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Evaristo Sá, AFP