É consenso entre pessoas que acompanham Lula há tempos de que neste terceiro mandato o presidente adotou um estilo diferente dos anteriores. Está menos conciliador, cobra mais e ainda não desceu do palanque. O motivo é uma adaptação ao novo jeito de fazer política surgido a partir do impeachment de Dilma, uso das plataformas como ferramenta eleitoral e os novos paradigmas resultantes do bolsonarismo. Lula percebeu que a disputa agora não é mais de dois em dois anos, nas urnas, mas todos os dias nas telas dos celulares, e que o impeachment passou a ser uma variável constante em vez de uma exceção. Mas daí a achar que o presidente decide sozinho e está alheio a conselhos e sugestões existe uma distância enorme. Lula ouve, ouve e depois decide. Essa é uma das características dele. Outra característica de Lula é fomentar disputas internas e depois arbitrar. Isso aconteceu com Dirceu x Palocci e Marina x Dilma, por exemplo. No caso da equipe econômica, Lula parece ter criado dois polos. Um mais conciliador, formado por Haddad, Simone Tebet e Alckmin. Outro mais incisivo alojado no BNDES, sob Mercadante, onde também estão André Lara Resende, Nelson Barbosa etc. Os ataques ao BC e a Campos Neto vão depender do andar da carruagem. Se o discurso adotado pelo presidente da autoridade monetária no Roda Viva e no evento do BTG Pactual se confirmar na prática, a relação tende a ser menos ruidosa.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo
Foto: Folhapress, Suamy Beydoun