Há simbolismo político no convite dos organizadores da Agrishow ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Um dos eventos mais importantes do agronegócio, realizado anualmente em Ribeirão Preto, terá em sua abertura o preferido dessa relevante parcela do setor privado. O constrangimento inviabilizou a presença do ministro da Agricultura de Lula. Outro sinal político importante é a CPI do MST. Esse é o contexto no qual o ministro da Fazenda luta contra o que chama de patrimonialismo, jabutis, renúncias fiscais e benefícios a pequenos grupos privilegiados que, na avaliação dele, desequilibram o orçamento. Fernando Haddad disse que essa luta tornou-se uma “cruzada” e prometeu “tomar Jerusalém”. Ele comemorava a decisão do STJ que, por nove votos a zero, derrubou a possibilidade de incentivos do ICMS integrarem a base de cálculo do Imposto de Renda e da CSLL, o que provocou rombo de R$ 90 bilhões na arrecadação. A alegria de Haddad foi frustrada pelo ministro André Mendonça, no STF. O indicado de Bolsonaro deu liminar pedida pela Associação Brasileira do Agronegócio para suspender a decisão do STJ até que o Supremo defina a base de cálculo dos tributos federais. O ministro da Fazenda tem argumentos legítimos para afirmar que os empresários não têm de ganhar dinheiro deixando de recolher tributos, mas precisam de juros baixos para investir. No Congresso e no Judiciário, as forças políticas vão além dos argumentos.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Agrolink