Paulo Guedes tem repetido nos últimos dias que pretende criar um fundo de erradicação da pobreza que seria abastecido, entre outros recursos, com bilhões das privatizações de estatais. Nele estaria contido cerca de R$ 350 bilhões que a equipe econômica calcula ser possível com a privatização da PPSA. Para conseguir viabilizar a promessa, é preciso percorrer um caminho bem longo. O texto que permitiria a privatização da estatal já foi enviado ao Congresso, mas tem zero consenso entre lideranças políticas e pouca prioridade na lista de matérias engatilhadas para votação após o segundo turno. Há uma avaliação entre deputados e integrantes do próprio governo de que a manobra para levantar os recursos pode ser facilmente alvo de questionamentos do TCU. Isso porque para vender a parte futura dos contratos de óleo e gás a preços atuais, seria necessário um deságio muito grande, o que poderia tornar o mecanismo pouco atrativo para União e centro de contestações. Além disso, os recursos estão sem destinação concreta no texto atual. Lideranças políticas dizem que dificilmente as verbas não sejam divididas entre Estados, municípios e outras iniciativas, como programas nas áreas de saúde, educação e até obras de infraestrutura. A ideia tem se assemelhado muito mais a uma promessa de campanha que, mesmo com uma eventual reeleição de Jair Bolsonaro, pode se tornar muito difícil de cumprir.
Equipe BAF – Direto de Brasília
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