Apesar das reiteradas críticas de Lula ao Banco Central por conta da manutenção da taxa Selic em 13,75%, não existe, por enquanto, qualquer tipo de orientação no governo para mudar a lei que garante a autonomia da instituição. Nas bancadas do PT no Congresso, a avaliação é de que, além de não haver clima para a mudança entre os parlamentares, o tema poderia tumultuar o ambiente para as votações da Reforma Tributária e da nova regra fiscal, prioridades para o novo governo. A avaliação sobre a autonomia do BC só deve ser pautada no final da gestão atual, em dezembro de 2024. Até lá o PT espera ter construído uma narrativa contrária à autonomia. Embora Lula continue fustigando a gestão de Roberto Campos Neto, o governo mantém canais de diálogo com o BC. Além de Fernando Haddad, que chegou a promover um encontro de apresentação entre Lula e Campos Neto na véspera da posse, Alexandre Padilha também está aberto a dialogar. Padilha construiu pontes sólidas com o mercado financeiro durante a campanha eleitoral e chegou a ser cogitado para o Ministério da Fazenda.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo
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