A manutenção da taxa Selic em 13,75%, a suposta falta de diálogo com o governo e a foto do celular de Roberto Campos Neto na qual o presidente do BC aparece no grupo de WhatsApp dos ministros de Bolsonaro são os pretextos usados por Lula para abrir, ontem, uma ofensiva contra a autonomia da instituição. Pessoas próximas ao presidente disseram que ele está convencido de que Campos Neto não vai baixar os juros até o final de seu mandato, em 31 de dezembro de 2024. Isso prejudica o cumprimento das promessas de crescimento econômico, do churrasco com picanha, feitas durante a campanha. A foto publicada pela Folha de S. Paulo dá a Lula, segundo aliados, o argumento de que a manutenção da Selic em 13,75% não se dá por motivos técnicos, mas por interesse político dos adversários do governo. Alguns aliados consideram extemporânea a ofensiva, já que o governo não tem o que fazer até o término do mandato de Campos Neto e as declarações podem estressar ainda mais o mercado. Auxiliares da direção do PT respondem que, ao manifestar publicamente seu descontentamento, Lula põe deliberadamente foco em outra pauta da agenda econômica para além da Reforma Tributária e da nova regra fiscal: o crescimento econômico.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo
Foto: Sergio Lima, Poder 360