Se as dúvidas dos negociadores do governo já eram preocupantes no início da manhã de ontem, o líder no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), confirmou, à noite, que havia risco de a MP 1185 ser rejeitada em plenário. Quando o placar registrava raros 81 senadores presentes, alguns de forma remota, Wagner foi à tribuna pedir ao presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) a suspensão da votação. O líder acenou com uma proposta de remissão de 100% dos passivos das empresas beneficiadas por subvenções de ICMS, mas avisou que ainda seria necessário consultar o ministro da Fazenda. A MP 1185 foi aprovada pelos deputados, mas as crescentes dificuldades políticas do Executivo no Senado fizeram com que Wagner prometesse o perdão das dívidas passadas, mas preservasse o fluxo da arrecadação a partir do ano que vem. Na última semana antes do recesso parlamentar, o governo teve de adiar a votação da medida mais importante para o equilíbrio das contas públicas em 2024, responsável por um aumento de R$ 35 bilhões na arrecadação federal. As negociações serão intensas hoje, mas aumentou o risco de fracasso do governo.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Rafael Nunes