Após o fim das trocas partidárias, Jair Bolsonaro e sua equipe de campanha queriam começar a se dedicar aos próximos passos da campanha eleitoral. No entanto, foram atropelados pela crise na Petrobras, que vai atrasar as discussões das estratégias. O grupo ligado à campanha comemorava que tinha vencido duas crises políticas de forma rápida. Se referia não só à crise da Petrobras, mas também à saída do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. “A hora é de começar a focar na campanha”, disse uma fonte. Os últimos dados das pesquisas eleitorais, embora para alguns fossem considerados animadores, para outros mostram apenas que há uma bipolaridade e não uma polarização. Essas fontes insistem ainda no que chamam de “data-povo”, referente à receptividade Bolsonaro quando vai às ruas. E esse “instrumento de checagem” mostra resultados muito diferentes dos institutos tradicionais. Para dois interlocutores do Planalto, o pior já passou e o momento é de o presidente começar a olhar mais de perto para a campanha, sem deixar de inaugurar as obras ou de visitar as áreas atingidas por algum tipo de problema. Os aliados ressaltam que estão em andamento conversas sobre palanques estaduais, distribuição de tempo de TV e comemoraram a base fortalecida no Congresso. Com a saída dois ministros-candidatos, assunção dos novos, acomodação das forças no Congresso e nos Estados e a ampliação da base aliada, a partir de agora o jogo começa a ser jogado. Bolsonaro, a cada dia que passa, assumirá mais o comportamento de candidato: mais cauteloso. Apesar da sua costumeira verborragia, o presidente tem sido advertido de que precisa ouvir, que candidato precisa calar a boca sobre questões polêmicas. Pragmático, Bolsonaro parece estar se convencendo de que a companha de 2022 nada tem a ver com a de 2018, e que tem de seguir as regras das campanhas tradicionais e dos políticos profissionais para diminuir as derrapadas. Quanto mais calado, melhor, comentou uma das pessoas ligadas à campanha, embora reconheça que será difícil manter essa prática. A dúvida é até quando Bolsonaro concordará em ouvir seus conselheiros políticos de campanha.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília