Durante a gestão de Jair Bolsonaro, o Congresso não conseguiu andar com o projeto que cria uma regulamentação para o mercado nacional de crédito de carbono. As divergências entre o que o mercado espera e o que é defendido pelo ministro Joaquim Leite fizeram com que o texto ficasse em banho-maria no último ano. Leite defende que o mercado seja voluntário e quer metas setoriais para livrar, especialmente, o agronegócio do compromisso com metas de descarbonização. É o cenário que deve continuar caso Bolsonaro seja reeleito. Em um eventual governo Lula e um Congresso que deve manter a representatividade da bancada ruralista, o tema pode se tornar um desafio para a nova gestão. A criação de um mercado nacional obrigatório é defendida pela ala ambientalista próxima de Lula, como Marina Silva, e tem apoio de empresas com carteira de negócios internacionais. Mas exigirá do futuro governo uma negociação com os representantes do agronegócio no Congresso, que tendem a se manter fortes no Legislativo. Parte significante da bancada do agro não tem interesse que o setor seja obrigado a cumprir metas setoriais de descarbonização por se tratar de um custo maior para a produtividade. Caso não consiga fazer acordos, o projeto pode acabar no mesmo lugar que está hoje: na gaveta do presidente da Câmara.
Equipe BAF – Direto de Brasília