As reuniões que os interlocutores do presidente eleito estão realizando em Brasília com os líderes do Congresso são importantes porque mostram o que pode ser aprovado, com alguma margem de segurança, nas votações da PEC da Transição. A ideia bruta de uma “licença para gastar mais” ou o “fim do teto na prática” não está na mesa. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, reforçou a mensagem que traduz o objetivo imediato do novo governo. Ela disse que o PT e os 14 partidos que apoiaram Lula no segundo turno querem entregar o que foi contratado na campanha eleitoral. Citou os exemplos do Auxílio Brasil de R$ 600, aumento do salário-mínimo e a restauração do orçamento do programa Farmácia Popular. A PEC da Transição, segundo Gleisi, vai se limitar a retirar o gasto do Auxílio Brasil do teto, o que cria espaço de R$ 105 bilhões no orçamento. O alvo da PEC da Transição – Gleisi prefere chamá-la de PEC do Bolsa Família – decorre do PLOA que foi enviado ao Congresso em agosto, mas ficou imprestável dadas as promessas da campanha dos dois candidatos que foram ao segundo turno. A PEC das Bondades aprovada este ano com amplo apoio dos parlamentares, teve outro contexto político porque foi antes da eleição.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Adriano Machado, Reuters