Na queda de braço entre o PSOL e o União Brasil pela relatoria da MP do Minha Casa Minha Vida, deu o Centrão. Ao se colocar como relator da medida na comissão mista, Guilherme Boulos (PSOL/SP) enfureceu o grupo, que tinha fechado acordo com Arthur Lira para que o deputado Marangoni (UB/SP) relatasse a matéria no colegiado. Se Boulos insistisse, a quebra de acordo poderia afetar a tramitação da matéria e, na hora da votação o plenário da Câmara, o deputado de primeira viagem do PSOL corria o risco de ser substituído e o governo perderia o controle sobre o texto. Agora, o líder do PSOL será o vice-presidente da comissão mista. “Houve também o acordo de que o conjunto das contribuições que temos ao texto serão incorporadas pelo novo relator”, disse Boulos em nota. Ele deve agora relatar o projeto de lei do Programa de Aquisição de Alimentos, que tramitará com urgência constitucional. A relatoria da MP 1162 era uma oportunidade de Boulos, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, se destacar faltando pouco mais de um ano para a campanha. Também serviria de teste de capacidade de negociação e flexibilidade política do líder sem-teto. Marangoni já trabalha no plano de trabalho que será apresentado na comissão mista e ainda não tem data para entregar seu parecer. Ao “brigar” pela relatoria na comissão mista, o Centrão indica que não pretende esvaziar as discussões nos colegiados instalados para apreciar as três MPs prioritárias para o governo Lula.
Daiene Cardoso e Ricardo Galhardo – Direto de Brasília e São Paulo
Foto: Sergio Lima/Poder 360