O presidente Jair Bolsonaro e o seu entorno estão convencidos de que o discurso usado na campanha de 2018 – de que a Petrobras foi saqueada pelo governo petista e agora, saneada pela sua administração, não pode cobrar preços abusivos da população e precisa socializar seus lucros – ainda terá forte apelo nas próximas eleições. Para a campanha de 2022, Bolsonaro adicionou um ingrediente: se não consegue evitar os aumentos que considera abusivos, a solução é privatizá-la e usar o dinheiro da venda para criar fundos para a pobreza e reorganização da economia nacional. Como estamos a menos de cinco meses da eleição e não há tempo político hábil para aprovar a desestatização, ainda mais com os primeiros recados do Congresso transmitidos pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, Bolsonaro quer deixar a sinalização que, uma vez reeleito, poderá devolver a Petrobras ao povo brasileiro. Nesta quinta-feira, o ministro Paulo Guedes encampou esse discurso ao atacar a gestão petista e prometer a venda da empresa. O novo ministro das Minas e Energia estava ao lado de Guedes. Foi uma demonstração de que estão afinados e cumprindo a promessa de, como primeiro ato de sua gestão, enviar decreto para ser assinado por Bolsonaro, para dar início aos estudos. O problema é que a discussão, embora tome conta da imprensa e dos políticos, não traz nenhuma melhora à vida do brasileiro, já que o preço do diesel, da gasolina e do gás de cozinha continuarão altíssimos. Portanto, há quem duvide que a discussão traga o resultado esperado, que é reavivar a memória do povo dos desfalques na Petrobras apontados pela Operação Lava Jato e tire votos de Lula ou traga votos de indecisos para Bolsonaro.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília