O governo está “perdido” diante de tantas frentes e problemas a serem administrados. Neste momento, de acordo com interlocutores do presidente Jair Bolsonaro, a estratégia de retirar nomes da lista pedindo a instalação da CPI do MEC já naufragou. Como saída, em um ato considerado de desespero, o líder do governo no Senado, Carlos Portinho, anunciou que irá ao STF exigir que outras CPIs já protocoladas sejam instaladas antes da investigação do MEC, seguindo a ordem cronológica. Assessores palacianos reconhecem que a iniciativa é de alto risco, até porque em momentos anteriores o STF mandou que a CPI fosse imediatamente instalada, como aconteceu com a investigação sobre a pandemia. Neste caso, estariam agindo apenas para ganhar tempo se o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, decidir abrir mesmo a CPI. E teriam de torcer para que o caso caísse nas mãos de um dos dois ministros nomeados por Bolsonaro – André Mendonça e Nunes Marques. Com isso, acreditam, poderiam ganhar dois meses. Só que as chances disso acontecer não chegam a 20%. O problema dessa iniciativa, na opinião de um dos assessores palacianos, é que o governo não teria mais nenhum instrumento político na manga e estaria sem saída, se vendo diante de uma CPI que tem tudo para enterrar a chances de Bolsonaro se reeleger e já está provocando muitos danos à sua campanha eleitoral. O momento, no Planalto, é considerado “muito delicado” já que, além da CPI, o presidente precisa lidar com a aprovação do pacote de bondades (aumento do Auxílio Brasil, vale-gás e vale-caminhoneiro), disputa com os Estados por causa do ICMS (sem ver os preços reduzirem nas bombas) e, por último, denúncias de assédio a funcionárias contra o presidente da CEF.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília