Não foi bem recebido entre os integrantes do núcleo político do governo a fala do presidente Jair Bolsonaro de que confirmará o general Walter Braga Netto como candidato a vice na sua chapa à reeleição. Para este segmento, que tem integrantes do Centrão na liderança e que defendia o nome da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina ao lado do presidente, esta escolha serviria para mudar a cara do próprio governo para um segundo mandato e, inclusive, torná-lo mais civil. A avaliação entre esses aliados é de que, com essa decisão, Bolsonaro perde a oportunidade de criar um “fato novo”, que poderia balançar favoravelmente a campanha e influenciar as pesquisas. No entanto, para este grupo, o presidente – que vê fantasmas em todos os cantos – acabou insuflado e cedendo às neuroses do seu entorno ideológico. Esse grupo ressalta ainda que essa decisão poderá lhe custar caro na eleição porque Braga Netto não acrescenta um voto sequer e não agrega a leveza que a campanha precisa. Acreditam ainda que Bolsonaro, preocupado com o seguro impeachment que diz que Braga Netto representa, esquece que esta eleição não é igual a de 2018. Para este segmento, esse apoio que o Centrão lhe traria seria muito mais importante com a chegada de Tereza Cristina do que ele continuar insistindo em retóricas e teses que não o ajudam eleitoralmente. Com as pesquisas estacionadas e sem buscar agregar votos, o presidente pode comprometer seu desempenho na corrida eleitoral.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília