Fernando Haddad surgiu hoje nos jornais como o grande vencedor do embate em torno da reoneração dos combustíveis, mas petistas e integrantes do governo enxergam a situação de outra forma. Haddad de fato conseguiu romper resistências e construir uma fórmula que repõe as perdas de arrecadação, dividindo o fardo entre vários atores e criando diferenciações de cunho ambiental (etanol) e social (diesel). No entanto, a reoneração foi parcial e o resultado reforça o papel de “vilão”, aliado do mercado, que adversários internos tentam impor a Haddad. Se a oposição tiver sucesso ao explorar politicamente a reoneração e isso se refletir na popularidade de Lula, Haddad será responsabilizado. Além disso, estes posicionamentos podem ser usados contra ele em eleições futuras. O tuíte de Gleisi Hoffmann de ontem, no qual ela diz que Lula “diminuiu o impacto” da reoneração e reduziu alíquotas mostra que ela não se vê como derrotada. Internamente, Gleisi avalia que sua posição contra a reoneração deu resultado, já que o aumento de R$ 0,34 na gasolina é praticamente metade dos R$ 0,69 tirados por Bolsonaro. Novos embates virão e Haddad terá que ouvir mais o PT e os partidos aliados se não quiser se desgastar.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo
Foto: Marcelo Camargo, Agência Brasil