Um integrante do grupo de economia da Transição de Governo contestou o alerta dado por técnicos da equipe econômica sobre a deterioração fiscal decorrente da aprovação da PEC 32/2022. Ele disse que o cenário de seguidos déficits primários até 2026 é “absolutamente especulativo” e baseado em regra que vai durar, no máximo, dois anos. Há, segundo esse economista, grande chance de o extra teto durar apenas um ano se for aprovada a nova âncora fiscal em 2023. Além disso, afirmou que a previsão pessimista de a dívida bruta alcançar 80% do PIB ignora impactos positivos da Reforma Tributária e de outras mudanças nas políticas públicas que serão encaminhadas pelo governo Lula. A expectativa dos técnicos da equipe econômica para os próximos anos, com menos crescimento e mais inflação e desemprego, são, segundo o economista da Transição, “chutes enviesados” para criar um cenário negativo. Para ele, a equipe econômica de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes acabou com o teto de gastos ao mandar ao Congresso a PEC dos Precatórios e, depois, rompeu o limite da despesa em R$ 177 bilhões em 2022. Na avaliação desse economista, a deterioração fiscal “já estava entre nós” quando foi enviado um “fictício” PLOA 2023 em agosto, o que tumultuou as discussões sobre orçamento ao divulgar um conceito inexequível de redução do gasto no próximo ano. A consequência, de acordo com ele, seria a interrupção de inúmeros programas e, principalmente, impedir que o Auxílio Brasil de R$ 600 continue sendo pago.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
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