Enquanto o Centrão mais alinhado ao governo se cala diante das revelações do Pandora Pappers, a oposição segue nesta segunda-feira martelando na defesa de que é preciso investigar o ministro Paulo Guedes e o presidente do BC, Roberto Campos Neto. A narrativa oposicionista pode ser exemplificada pelo comentário da deputada Professora Rosa Neide (PT/MT): “Pessoas comendo restos de ossos e o ministro da Economia, Paulo Guedes, lucrando quase meio milhão de reais por mês com sua offshore em um paraíso fiscal, turbinando seus lucros particulares através das políticas econômicas aplicadas por ele”, resumiu a deputada. O bloco oposicionista avisou desde ontem que vai protocolar representação no Ministério Público e pedir a convocação de ambos na Câmara. A tendência é que as convocações saiam mais fáceis de comissões onde a oposição vem sendo bem-sucedida neste propósito, como na de Fiscalização Financeira e Controle. Alessandro Molon (PSB/RJ), no entanto, pretende trabalhar para que a convocação seja para uma comissão geral no plenário, como foi com o presidente da Petrobras. Em algumas situações, Arthur Lira chegou a derrubar o requerimento convocando ministro. Até o momento, só a ala adversária do governo no Centrão – que como um todo não morre de amores por Guedes, mas tem alguma interlocução com Campos Neto – se manifestou cobrando explicações, como Marcelo Ramos (PL/AM) e Fábio Trad (PSD/MT). “Se mantém empresa, não pode ser ministro de Estado. Se mantém empresa fora do país, aí é que não pode mesmo. Se mantém empresa fora do país em regime de tributação diferenciada (offshore), a situação fica insustentável eticamente, afinal se trata do Ministro da Economia”, escreveu Trad. Até o momento, o desgaste de Guedes e do presidente do BC estão restritos politicamente à oposição, não há expectativa de que Lira ou Rodrigo Pacheco se pronunciem sobre o assunto de imediato. Do ponto de vista prático, é preciso aguardar os desdobramentos do caso para sentir se o assunto ganhará força ou não.