Com juros acima de 450% ao ano e inadimplência quase em 50%, o crédito rotativo dos cartões é uma linha que chegou ao limite. Neste momento em que a Câmara está prestes a votar a lei do programa Desenrola, não há quem defenda sua manutenção sem mudanças. Se o Congresso aprovar o texto do relator Alencar Santana (PT-SP), representantes de vários setores envolvidos nessa crise terão 90 dias para apresentar uma proposta ao CMN. Se fracassarem, valerá o teto de 100% para o acréscimo do valor da dívida com juros. É menos do que existe hoje no cheque especial e, portanto, não tem apoio dos bancos. Um mês atrás, o presidente do Banco Central disse em audiência pública realizada no Senado, que uma solução seria o fim do rotativo. Os inadimplentes teriam acesso a uma linha especial com taxa de 9% ao mês, mas com cobrança de tarifa para desestimular o parcelamento “sem juros” mais longo. Roberto Campos Neto alertou que se a solução for a de apenas limitar os juros do rotativo, os bancos seriam obrigados a reduzir drasticamente a quantidade de cartões – atualmente há 215 milhões emitidos -, o que prejudicaria imediatamente o consumo.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília
Foto: Lula Marques, Agência Brasil