Já dada como certa, embora ainda sem data e hora marcadas, a troca da presidência da Petrobras irá consolidar a política do que deseja o presidente Lula para a estatal.
Se Jean Paul Prates é visto por parte do governo como mais pró-acionistas minoritários, o próximo presidente será escolhido entre aqueles que digam SIM ao que Lula planeja. Nesse sentido, Aloizio Mercadante se encaixa muito bem no perfil – reabilitado por Lula, que o conduziu ao BNDES, o ex-ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff é fiel ao presidente e é da linha desenvolvimentista, o que agrada ao Palácio do Planalto.
Naturalmente que, uma vez empossado na Petrobras, Mercadante terá que lidar com compliance e outras restrições internas, mas, com apoio do governo e de seus indicados, esses senões podem ser mudados.
Mercadante se apressa – As jornalistas Julia Duailibi e Andréia Sadi, do portal G1, divulgaram uma informação de que o presidente do BNDES teria se encontrado com Jean Paul Prates na quarta-feira – antes da notícia de que Prates quer falar com Lula sobre sua situação na Petrobras – e teriam discutido a sucessão na empresa.
Além disso, relatam as jornalistas, Mercadante teria dito que o próprio Lula o havia sondado para a vaga.
O episódio aponta para duas direções: a saída de Prates é tratada em campo aberto e, talvez já antevendo o final, ele procurou – de forma atabalhoada, diga-se – agendar uma audiência para Lula definir a situação dele.
Por outro lado, ao dizer que o presidente o havia sondado para assumir a Petrobras, Mercadante se coloca, de fato, como pleiteante à vaga, embora o G1 ressalve que ele não quer — mas, em política, às vezes quando alguém se expressa publicamente que não quer determinado cargo é justamente o contrário: quer e não é pouco não.
Porém, Lula detesta que alguém se adiante a ele, e a publicação da notícia de que Mercadante teria dito que o presidente o sondou pode retirá-lo da lista.
Chico de Gois – Direto de Brasília
Foto: Paulo Pinto, Agência Brasil