Apesar das pressões da elite do funcionalismo público, que insiste nas ameaças de paralisações para tentar assegurar os reajustes pleiteados dos seus, neste momento a proposta com mais força no Planalto é de concessão de um reajuste linear, que beneficiaria todas as categorias. A ideia é um reajuste de algo em torno de 4% a 5%. O aumento começaria a ser pago para os salários de julho e não prevê retroatividade para o início do ano. As discussões têm envolvido não só integrantes do Planalto, mas também do Ministério da Economia. O governo reconhece que a concessão de um reajuste linear desagradaria a elite do funcionalismo, que tem mais poder de pressão, ligados às carreiras de Estado, como os policiais federais, Receita Federal e Banco Central. Só que o cobertor é curto. O governo tem R$ 1,7 bilhão no orçamento para conceder reajuste e assegura que não ultrapassará um milímetro desse montante para atender os servidores. Pela lei eleitoral, não pode ser dado reajuste acima da inflação, o que já limita a tentativa de busca de aumentos de reposição salarial. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o prazo máximo para o governo implementar despesas é julho. Daí a ideia de o reajuste começar a valer neste prazo limite. O problema nisso tudo, ponderou uma fonte, é que o presidente prometeu dar reajuste para PF, PRF e agentes penitenciários, uma das bases do seu eleitorado. Conceder um aumento linear, que representaria pouco para quem ganha muito, mas um valor considerável para quem ganha pouco, seria uma maneira de tentar contornar a situação. O tema ainda está em discussão no governo.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília